O segundo dia do IX Congresso Vegetariano Brasileiro, integrado ao VegFest 2022, teve início com um painel sobre como uma dieta whole food plant-based pode ajudar a prevenir e a tratar doenças crônicas não transmissíveis. Daniel Cosendey Ganimi, médico especialista em Nutrologia e Medicina do Exercício, ressaltou que as doenças resultam de pequenos pecados diários, principalmente na alimentação. 

A cada 40 segundos, um brasileiro morre de doenças cardiovasculares. Os índices de câncer não param de aumentar. E, surpreendentemente, os medicamentos utilizados para tratar patologias são a terceira causa de mortes no país, segundo números apresentados por Ganimi. Para ele, a Medicina do Estilo de Vida (MEV), em que um dos pilares é o consumo de vegetais integrais, não refinados, é a chave para diminuir fatores de risco e evitar o uso de remédios.

Segundo Ganimi, pesquisas comprovaram que a MEV é capaz de prevenir 93% dos casos de diabetes, 81% dos casos de infarto e 35% de neoplasias. “Se a maioria das mortes pode ser prevenida e relacionam-se à alimentação, então porque Ciências Nutricionais não é a principal disciplina ensinada nas faculdades de Medicina?”, questionou o especialista. “Remédio não é o caminho”. 

Ganimi comemorou o fato de o prefeito de Nova York, Eric Adams, ter anunciado em 05 de dezembro o apoio ao ensino de MEV a todos os profissionais de saúde da cidade americana. Adams é o primeiro alcaide nova-iorquino adepto da dieta plant-based.

O IX Congresso Vegetariano Brasileiro começou na quinta (08) e vai até domingo (11) no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo. O encontro acontece no âmbito da edição de 2022 do VegFest, um dos maiores eventos veganos das Américas. Ele reúne uma série de atrações gratuitas e uma área de exposições com a presença de 119 marcas de alimentos, bebidas, cosméticos, materiais de limpeza e vestuário, entre outros produtos, todos livres de uso animal.

Planejamento é chave para a adoção de uma dieta saudável

Adotar uma dieta saudável no dia a dia nem sempre é fácil. O que fazer para contornar dificuldades e tornar o desafio mais leve? Foi esse o tema de uma apresentação do segundo dia do IX Congresso Vegetariano Brasileiro

“Nós nos acostumamos com cansaço, distúrbios do sono, alterações intestinais, desânimo, ansiedade, incômodos no ciclo menstrual e outros desconfortos porque eles vão chegando aos poucos e se instalando. Mas nada disso é normal e deve ser corrigido”, alertou Renata Cortella, médica especializada em Medicina Integrativa. Para ela, o cuidado integral, que passa necessariamente pela alimentação plant-based, é capaz de minimizar “decisivamente” esses problemas.

Renata contou que a falta de tempo, de saber cozinhar e fatores mentais/emocionais são os motivos mais apontados pelos pacientes quando indagados sobre por que não adotam uma dieta integralmente vegana – mesmo sabendo que ela traz benefícios. “A boa notícia é que a alimentação mais saudável é geralmente de preparo mais fácil. E promove melhorias nas inflamações que causam os desconfortos e também os problemas emocionais e mentais, muitas vezes causados por inflamações do sistema nervoso”, ressaltou a médica.

A falta de tempo, segundo a médica, não pode ser um impeditivo. O segredo é planejar-se e organizar o dia a dia. “Muitas pessoas dizem que não têm tempo, mas dedicam horas às redes sociais, por exemplo”, afirmou Renata. “É possível nos organizarmos para preparar alimentos saudáveis e guardá-los na geladeira. É possível fazermos pratos mais elaborados no final de semana e congelar marmitinhas. Planejar é fundamental. Falhar em planejar é planejar falhar”.

O IX Congresso Vegetariano Brasileiro começou na quinta (08) e vai até domingo (11) no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo. O encontro acontece durante a edição de 2022 do VegFest, um dos maiores eventos veganos das Américas. Ele reúne uma série de atrações gratuitas e uma área de exposições com a presença de 119 marcas de alimentos, bebidas, cosméticos, materiais de limpeza e vestuário, entre outros produtos, todos livres de uso animal.

A necessidade do movimento vegano se envolver mais na política 

Mônica Buava, filiada ao PV (Partido Verde), mediou um painel para reafirmar a importância da pauta vegana ser incluída nas políticas públicas do país nesta sexta-feira (9), no IX Congresso Vegetariano Brasileiro, que acontece durante o VegFest 2022. No Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo, a especialista recebeu Will Mendes, também do PV, e Frank Alarcón, do PT (Partido dos Trabalhadores). Os três foram candidatos nas últimas eleições, mas não se elegeram.

“No Congresso Nacional, temos representantes que defendem a causa animal, mas não são veganos. São três nomes por São Paulo, dois pelo Rio de Janeiro, um no Paraná, um no Ceará e outro em Minas Gerais, todos representando partidos da direita. Há um potencial muito grande, porém tivemos números vergonhosos nas eleições e a culpa não reside em um único ponto, ela é de todos. O setor pecuarista se envolve e, por isso, tivemos uma bancada ruralista. No nosso segmento não. Amigos, celebridades e a diversos setores dizem ser apartidários e não ajudam a conquistar este espaço”, disse Alarcón, que concorreu ao cargo de deputado federal no Rio de Janeiro.

Mendes, que se candidatou a deputado estadual em São Paulo, reforçou a importância deste envolvimento e trouxe o exemplo do Partido pelos Animais, que ganhou relevância na Holanda. “Entrei nas políticas pelos animais. A política é um meio de transformação, mas em uma cidade menor como Jacareí, de onde sou, não ganha tanta abrangência. Na Holanda, os empresários já perceberam os ganhos de apoiar a causa e o partido saltou de dois para seis deputados. Precisamos da participação popular, pois sem isso os avanços da causa animal serão menores e mais lentos”, avaliou.

Mônica Buava, que se tornou suplente  de deputado federal em São Paulo, acredita que, apesar do insucesso, as campanhas serviram para destacar que o movimento vegano possui uma voz forte. “Conseguimos mostrar o caminho para abrir os espaços. Tivemos avanços e precisamos pensar: será que o movimento está pronto para mais uma candidatura ou será que ainda vamos ter que ficar apoiando outras?”, finalizou.

Assim como o ser humano, os animais precisam ser respeitados 

O Brasil está atrasado em relação à defesa dos animais. A questão foi levantada durante o painel “Maus Tratos: a Normalização do Erro”, realizado durante o Congresso VegFest, que acontece até domingo (11) no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), somente no Brasil, cerca de 30 milhões de animais estão abandonados, sendo aproximadamente 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos. Isso sem contar com as violências e maus tratos registrados diariamente.

O painel, mediado por Larissa Maluf, Diretora de Comunicação e Novos Projetos da Sociedade Vegetariana Brasileira – SVB, contou com Luli Sarraf, CEO e fundadora do Celebridade Vira-Lata que conscientiza sobre animais domésticos e atua com mutirões de castração; Juliana Camargo, Fundadora da Ampara que criou uma engrenagem capaz de sustentar sua estrutura operacional e apoiar 450 projetos em todo o país;  Silvia e Marcos Pompeu,  criadores do Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos, fundado em 1991 com a missão de acolher e proporcionar vida nova aos animais (exóticos, silvestres e domésticos) vítimas de diversos crimes de maus-tratos.

Durante os debates, os participantes apresentaram seus trabalhos em defesa dos animais, destacando a crueldade que vivenciam diariamente. E destacaram ser relevante o apoio institucional tanto em termos sociais, legais, de saúde pública e, acima de tudo, na conscientização das pessoas no que se refere ao respeito do animal.

Lembraram ainda que os animais têm direitos e precisam ser respeitados como iguais aos seres humanos, pois, assim como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento.

Beleza sem crueldade pode ser o primeiro passo do veganismo

Os cuidados com o corpo representam os passos mais fáceis para o veganismo, mas muitas vezes eles ficam em segundo plano em relação à alimentação. Isso não quer dizer que a adoção de uma rotina de beleza vegana não seja motivo de dúvidas. E esclarecimentos deram o tom da apresentação da dermatologista Monalisa Nunes no segundo dia do IX Congresso Vegetariano Brasileiro, integrado ao VegFest 2022.

Monalisa iniciou explicando as diferenças entre atributos cada vez mais utilizados pela indústria de produtos de cuidados pessoais, como cruelty free (livres de testes em animais, mas que podem não ser veganos); orgânicos (ingredientes cultivados sem agrotóxicos); naturais (sem ingredientes sintéticos); e veganos (sem ingredientes de origem animal e sempre cruelty free).

A especialista comentou que os cosméticos veganos geralmente podem ser identificados por apresentarem, em suas embalagens, um selo de comprovação – a exemplo do selo trabalhado no Brasil pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). “Mesmo assim”, reforçou Monalisa, “o uso do selo não é obrigatório e convém o consumidor sempre verificar as listas de componentes dos produtos para comprovar se eles são efetivamente veganos”.

Uma série de exemplos foi citada pela palestrante. “O colágeno convencional é de origem animal. O carmim, utilizado em produtos labiais, nunca é vegano, pois provém de cochonilhas. A uréia, por sua vez, pode ou não ser vegana. O ácido lático tradicional deriva do leite, mas já temos uma alternativa produzida em laboratório”, repassou Monalisa. 

A especialista ressaltou que é animador o aumento da oferta de artigos de beleza sem componentes de origem animal no Brasil, mas lamentou a falta de uma lei proibindo os testes em animais na indústria nacional de cosméticos – como a que vigora na Europa há alguns anos. “O uso de animais em pesquisas ainda é uma conduta comum no Brasil, infelizmente. Mas temos esperança de que isso vai acabar, fazendo prevalecer produtos legitimamente veganos no mercado”

É preciso criar uma rede de apoio às famílias com filhos veganos

“É preciso mostrar para as crianças que o veganismo é um movimento de amor, evitando ataques aos onívoros”. Esse foi o alerta dos debatedores do painel Criando Filhos Veganos, no Congresso VegFest, que prossegue até domingo no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo.  Para o grupo também é fundamental criar uma rede para apoiar as famílias com filhos veganos.

Carol Destro, mãe de uma menina vegana de nove meses de idade, defende que a introdução do bebê se torna mais tranquila quando há a preocupação em mostrar esse lado do amor pelos animais.  “Quando se introduz de forma suave a criança passa a ver o veganismo de forma natural e não faz uma separação com quem come carne”, analisa.  “Afinal, estamos em uma sociedade que não é vegana e nossos filhos precisam entender que as pessoas não são más por não participarem do movimento, apenas são diferentes”.

Para Mônica Buava, vegana há 18 anos e com uma filha de seis anos, é preciso que se forme uma rede de apoio para acolher pais e mães que queiram introduzir o filho no veganismo. “Durante o painel, famílias que moram no interior e se sentem sozinhas, deixaram claro a importância desse apoio”, disse. “Também precisamos reforçar a questão do amor, da compaixão e da amizade pelos animais, que nem sempre é entendida por quem está de fora”.

Empresas veem a VegFest como meio para mudar 

a cultura do consumo de carne

Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e Escape 60 se juntaram para oferecer um Escape Room gratuito ao público no VegFest. A vida das galinhas poedeiras e o funcionamento da indústria de produção de ovos serão demonstrados durante os quatro dias do evento. Os participantes terão 10 minutos para decifrar códigos, achar itens escondidos e resolver enigmas. 

“Queremos conscientizar sobre práticas cruéis, bem como sobre a possibilidade de manter uma alimentação isenta de produtos de origem animal. Grande parte da mudança da cultura acontece quando as pessoas sabem o que acontece. Por isso, o Escape Room é muito importante, ele ajuda a expor as verdades sobre a indústria no Brasil, que aloja mais de 114 milhões galinhas, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)”, disse Taylison Santos, diretor executivo do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal.

Se ajudar as galinhas poedeiras foi um primeiro passo para te conscientizar, o Impact Bank pode te ajudar a seguir nesse caminho. Com uma preocupação grande por um consumo mais consciente, ele acredita que pode ajudar a financiar mudanças para um futuro mais justo e regenerativo. A maquininha da empresa, que é utilizada por alguns estandes do VegFest, gera uma doação sem custo a cada transação, sem impactar em um gasto maior para o cliente ou para o vendedor. Os valores são direcionados para projetos sem fins lucrativos de diversas naturezas.

“Acreditamos que podemos ser um mecanismo de transformação social. Na feira, buscamos fazer novos negócios e também encontramos um público muito bom, qualificado, e que nos interessa bastante”, analisou Sarah Marily, analista de negócios da empresa.

Além deles, você ainda pode contribuir com a ONG Mercy for Animals. Buscando o estreitamento com o público e com outras marcas, a entidade  visa acabar com a exploração de animais para alimentação. A ideia é causar mais impacto e acabar com o problema na raiz do problema. Para o VegFest, trouxeram diversos produtos de sua loja e também uma máquina para tirar fotos.

A organização conta um time de voluntários e tenta engajar governos e empresas, produtores e distribuidoras de alimentos, para a causa vegana, acreditando que a educação é o caminho para a transformação. Recentemente, conduziram uma investigação secreta que expôs a terrível realidade dos abatedouros municipais no Brasil.

Redes sociais são fundamentais para o veganismo sair fora da própria bolha

Com  o  surgimento das redes sociais no Brasil mais intensamente com a criação do Orkut, no ano de 2004, seguido pelo Facebook, que chegou mais tarde no país, o veganismo ganhou espaço antes restrito a seus adeptos. A conclusão é de comunicadores veganos, presentes no painel “Veganismo Fora da Bolha”, durante o Congresso VegFest, que acontece até domingo (11) no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo.

Participaram do debate Fábio Chaves, fundador do Vista-se – o maior portal vegano da América Latina; Marco Clivati, criador da  Revista dos Vegetarianos, publicação mensal, referência entre vegetarianos;  Gabi Veiga, colunista da Mídia Ninja; Luisa Mafei, colunista da Folha de São Paulo;  Grant Lingel, CEO e co-fundador da Neil Patel Digital Consulting na América Latina, o mais importante grupo de marketing digital no mundo; Christian Valle, diretor da Valle da Mídia;  e Larissa Maluf, diretora de Comunicação e Novos Projetos da Sociedade Vegetariana Brasileira.

Segundo o grupo, furar a bolha é algo que se faz todo dia. Para os debatedores, a melhor ferramenta que surgiu inicialmente foi o Youtube, por possibilitar a aproximação com o público vegano através de vídeos que tratam tanto do movimento em si quanto das receitas, das práticas de proteção aos animais, além de poder esclarecer dúvidas de quem está interessado em se tornar vegano. Hoje, o caminho é encontrar uma linguagem para o Tik Tok. 

Chef cria organização social para dividir seus conhecimentos

Como unir o sonho de ser cozinheira e poder usar o dom com a consciência social e a busca por uma vida mais saudável?  A chef Regina Tchelly conseguiu isso e apresentou sua história enquanto preparava um ceviche de banana verde e um patê de banana verde na Cozinha Show, que acontece no VegFest, que prossegue até domingo (11), no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo.

A empreendedora social criou, em 2011, o projeto Favela Orgânica, no Rio de Janeiro, para onde migrou da cidade de Serraria, no interior da Paraíba, aos 20 anos, em busca do sonho de ser cozinheira. Mas, ao fazer o curso de culinária percebeu que não era o que realmente queria e decidiu seguir seus desejos com o projeto nas favelas da Babilônia e do Chapéu Mangueira, na zona sul carioca.

Como gosta de repetir, cozinhar tem que ser até no talo. E esse é seu projeto. Tendo como alunas alunas mães e empregadas domésticas, Regina busca orientar para o aproveitamento dos alimentos que as pessoas têm na geladeira. “É possível aproveitar tudo, sem desperdício, sem jogar cascas e sobras fora”, afirma.

Hoje, com reconhecimento internacional, a chef reúne consumo consciente ao aproveitamento integral dos alimentos e o contato com a terra,  com o objetivo de  compartilhar essa experiência com o máximo de pessoas.

O vegano precisa se colocar no lugar do outro 

para poder lutar contra o preconceito

Nascida em Joinville (SC) em uma família gaúcha e que sempre adorou carnes, Alana Rox desde pequena foi vegetariana. Em 2004 tornou-se vegana após se mudar para São Paulo. Escritora e influencer digital, ela reconhece que há muitas dificuldades para “pessoas que vivem esse movimento, que vai muito além das comidas”.

Em sua palestra “Como ser Vegana em um Mundo não Vegano: saúde, propósito e espiritualidade”, Alana lembrou que sempre foi bastante difícil a convivência com os familiares, tendo que enfrentar brincadeiras e piadinhas na hora da refeição. “Na ceia de Natal todos os anos via os ‘cadáveres’ de aves na mesa e tinha que me refugiar no banheiro para chorar, pois me sentia muito triste”. Mesmo assim, a ativista defende que “o vegano precisa se colocar no lugar do outro para entender o que se passa e tentar mudar essa situação”.

Hoje ela reconhece que tem, aos poucos, conseguido mudar essa situação familiar. “Já aceitam melhor a minha posição e já há mudanças também nos hábitos alimentares”, afirmou. “Também compreende que nossa luta é pelo bem estar dos animais que são maltratados, agredidos e mortos para satisfazer o ser humano”.

Autora dos livros “Diário de Uma Vegana 1 e 2”, Alana faz ativismo culinário e cria receitas fáceis, rápidas e baratas e também como criar cosméticos e produtos de limpeza naturais livres de químicas e crueldade.  Atualmente é embaixadora da ONG Mercy for Animals Brasil e também da marca BAIMS Brasil. 

Visitantes encontram produtos novos e com descontos

Ítalo do Amaral nasceu em uma família vegetariana e já frequenta o meio há muito tempo, segundo ele. “A feira é uma ótima oportunidade para conhecer as novidades e conseguir descontos nos produtos. Ainda existe bastante dificuldade em encontrar alguns itens e aqui consigo fazer alguns contatos e saber onde conseguir comprar os produtos”.

Vegetariana há mais de 30 anos, Lucia Palongan veio de Avaré, no interior de São Paulo, para o VegFest. “No interior temos poucas opções de produtos diferentes. Aqui encontro muita coisa que não iremos encontrar por lá. Estou aproveitando para comprar, principalmente, produtos de beleza. Mas também busco empresas que vendem pela internet para ter mais opções de compras”.

Fazendo a transição do vegetarianismo para o veganismo, Rubens Alcântara decidiu visitar o VegFest para conhecer mais sobre o mundo vegano. “Há dez anos, quando optei por ser vegetariano não se falava em nada mais radical. Agora quero ir além, deixar todo produto animal e consumir só o que for vegetal. E na feira encontrei muita opção interessante, com sabor e qualidade. Já comprei vários produtos”.

Do frigorífico ao veganismo: sem medo de sair da zona de conforto   

Nesta sexta-feira (9), no IX Congresso Vegetariano Brasileiro, Duda Lemos falou sobre sua trajetória de vida. Após se formar em Engenharia de Alimentos, ela trabalhou em um frigorífico e iniciou uma carreira bem sucedida. No entanto, ela mudou completamente seu rumo após ver que não era valorizada onde trabalhava. Sua palestra aconteceu durante o VegFest, no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo. 

“Via meus veteranos com uma carreira boa, trabalhando em frigorífico. Era estagiária e, ao encerrar a faculdade, fui promovida a líder do controle de qualidade, com uma equipe com 35 pessoas no frigorífico. Em seguida, saí da prática para trabalhar na teoria, com a legislação. Fiquei 3 anos e meio nessa empresa, mas nos últimos meses não estava sendo valorizada”, comentou.

Após uma mudança na gestão, Duda se viu exercendo a mesma função de um colega homem, que recebia três vezes mais. Quando questionou a razão, ouviu que ele tinha inglês fluente e, por isso, merecia ganhar mais. “Tomei a decisão de sair e fazer um intercâmbio nos Estados Unidos. Lá, vivi com uma família judia, que não comia carne. Cheguei a comprar 10 latas de atum para comer escondido no meu quarto”, completou. 

Apesar do impacto inicial, Duda aderiu ao veganismo e encontrou a SVB. Recusada na primeira entrevista emprego, seguiu com a meta de fazer parte da Sociedade Vegetariana Brasileira, o que conseguiu quando outra vaga se abriu. “A mensagem que quero passar é de não ter medo de mudar, independente daquilo que vocês estejam passando. Algumas mudanças exigem grandes movimentos, mas elas vêm para o melhor. Às vezes, a zona de desconforto é aquilo que você está vivendo”, declarou.

“Em segundo lugar, quero destacar que todos nós somos comunicadores, atores de consumo. Somos pessoas que mudam a indústria e a realidade das coisas todos os dias. Repensem seus hábitos, suas atitudes e como estão influenciando a vida de outras pessoas. E, por fim, olhem para as realidades diferentes. É muito fácil apontar o dedo sem saber as reais condições dos demais”, concluiu.

Dificuldade de casal em engravidar é uma janela para mudança de hábitos

A busca especializada de casais que tentam engravidar e não conseguem é uma ótima oportunidade para estimular a mudança de hábitos alimentares. A opinião do médico Eric Slywitch, mediador do painel Gestação Vegana, no Congresso VegFest, é compartilhada por Karita Tonini, nutricionista e terapeuta Ayurveda, e por Paula Gandin, nutricionista, e professora do curso de Pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional do VP Centro de Nutrição Funcional, que participaram do debate.

Karita lembrou que outras mudanças também são importantes, além da alimentação, como a regularidade do sono, aumento das atividades físicas e a redução do contato com xenobióticos (substâncias químicas estranhas ao organismo humano) como aditivos alimentares, álcool, por exemplo. “Neste caso também temos a importância de optar por produtos orgânicos, que são livres de pesticidas”, disse. 

O novo mundo após 20 anos de veganismo  

Presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), Ricardo Laurino contou sobre suas experiências nesta sexta-feira (9), no IX Congresso Vegetariano Brasileiro.  Vegano há quase 20 anos, ele falou sobre as lições que tirou neste tempo durante a palestra no VegFest, que acontece no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo. 

“Tinha 17 anos em 1990 e, enquanto almoçava e assistia televisão, vi uma reportagem sobre a produção de carne no interior paulista. Aquilo foi terrível, olhar os animais pastando, livres. Pensei: como posso ter tanto respeito, ficar encantado e, ao mesmo tempo, colocar isso no meu prato? Parei na hora de comer o bife que estava no meu prato”, disse.

Depois disso, ele adotou o vegetarianismo, virando vegano posteriormente, em 1993. “Todo mundo tem alguém que acha a causa legal e te defende, mesmo que ainda se alimente de carne. Isso é muito importante. Li o livro Libertação Animal, que é um marco. Apesar de não ser vegano, o Peter Singer fez uma obra muito impactante, fazendo com que muitos repensassem seus hábitos alimentares. No meu caso, que já era vegetariano, vi como nossa relação com os animais ainda é ruim e passei a ser vegano. Vivo um novo mundo depois disso, que dá vontade de subir no palco e contar a todos”, contou.

Serviço 
VegFest 2022
De 8 a 11 de dezembro – das 9h às 19h 
Local: Centro de Convenções do Anhembi
Av. Olavo Fontoura, 1.209 – Santana – São Paulo/SP
Mais informações: www.vegfest.com.br

Sobre a SVB

Fundada em 2003, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) é uma organização sem fins lucrativos que promove a alimentação vegetariana como uma escolha ética, saudável, sustentável e socialmente justa. Por meio de campanhas, programas, convênios, eventos, pesquisa e ativismo, a SVB realiza conscientização sobre os benefícios do vegetarianismo e trabalha para aumentar o acesso da população a produtos e serviços vegetarianos. Para mais informações, acesse www.svb.org.br ou os perfis no Instagram, Facebook e Youtube.

Sobre a Francal Feiras

Promotora de eventos com capital 100% nacional, a Francal Feiras é um dos principais players do mercado de feiras de negócios e contribui não só para o desenvolvimento econômico e social dos diferentes setores em que atua por meio dos 12 eventos de seu portfólio, como também movimenta efetivamente a economia dos locais onde eles são realizados.

Movida pela mesma velocidade que afeta a sociedade de consumo e o ambiente de negócios, a Francal Feiras oferece ao mercado entregas inovadoras por meio de eventos que servem como uma importante plataforma de negócios, experiências, conexão e conhecimento para toda a cadeia produtiva. Com mais de cinco décadas de atuação, é referência no Brasil e reconhecida no exterior.

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