VegFest 2022 começa destacando o boom de um estilo de vida extraordinário
22 de março de 2024

Foi dado o pontapé inicial do VegFest 2022. Um dos maiores eventos veganos das Américas teve início nesta quinta-feira (08/12), no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo, com uma plenária reunindo nomes importantes quando o assunto é a não exploração de animais nos hábitos de vida.  

“Ainda existe muita confusão, preconceito e até fake news em relação ao veganismo. É um estilo de vida para pessoas extraordinárias, e não extraterrestres”, brincou o ator Emiliano d’Ávila, o Maicol do programa Vai Que Cola (Multishow), vegano há cinco anos e responsável pela introdução do evento. 

“É maravilhoso realizar mais um VegFest. Temos uma série de atrações nesta edição. Mas o público, a comunidade vegana crescente no Brasil, é a verdadeira estrela do evento”, destacou Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), realizadora do evento, que tem produção da Francal Feiras. 

“Queremos que todos saiam daqui empoderados. A informação é transformadora, e temos a oportunidade de nos conectarmos e sabermos mais sobre o veganismo”, afirmou Mônica Buava, sócia-fundadora do restaurante vegano POP Vegan Food. 

“Ainda ouvimos muita baboseira sobre questões nutricionais e veganismo. Em pleno século 21 não é mais possível admitir argumentos acerca de déficit proteico, falta de vitamina B12, anemia. Hoje, temos dados a nosso favor, ou seja, a faca e o queijo de castanha de caju na mão para fortalecer a consciência vegana”, comentou a nutricionista Alessandra Luglio. 

“Os últimos anos foram de um embalo enorme no veganismo. Durante a pandemia, as buscas no Google por comida vegana cresceram mais de 5.000% no mundo. E os pedidos de comida vegana no Brasil foram superiores a 1 milhão em 2021. Mas também vimos, infelizmente, casos de maus tratos de animais. Precisamos seguir firmes na defesa dos animais e do planeta”, contou Larissa Maluf, diretora de comunicação da SVB. 

O Vegfest 2022 vai até domingo reunindo 119 marcas expositoras e uma grade de atrações culturais, gastronômicas e esportivas, todas gratuitas. O evento oferece, ainda, mais de 30 horas de conteúdo a cargo de mais de 100 palestrantes entre nutricionistas, nutrólogos, ativistas, culinaristas e empreendedores durante o IX Congresso Vegetariano Brasileiro. O congresso é pago e o ingresso pode ser comprado direto no evento.  

Cardápio vegano é lançado no VegFest juntando praticidade e economia  

Uma das dificuldades encontradas por quem busca aderir ao estilo de vida vegano está na alimentação. Muitas pessoas ainda acreditam que a dieta sem carne é muito trabalhosa para se fazer, além de custar mais. Para derrubar essa tese, o médico especialista em nutrologia Eric Slywitch e as nutricionistas Tatiana Consoli e Renata Victoratti lançaram um cardápio vegano nesta quinta-feira (8), no IX Congresso Vegetariano Brasileiro, que acontece durante o VegFest 2022, no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo.  

“Tinha ideia de fazer o cardápio há muito tempo, visando apontar uma linha para quem é vegetariano seguir. Ninguém vai adotar uma alimentação para ter uma série de problemas de saúde. A ideia do guia surgiu em 2016, mas se concretizou apenas agora. Teremos um material específico para orientar as pessoas e esperamos que ele seja muito útil”, contou Slywitch. 

O material consiste em dois cardápios com as refeições completas para sete dias. Uma das versões é a de planted-based e a outra é a de baixo custo. “Sabemos que existem populações diferentes. Calculamos o preço de cada item para ver quanto sai a dieta”, complementou Slywitch. 

Cada um dos cardápios ainda possui duas opções de dieta: uma de 1.600 kcal e outra de 2.100 kcal, detalhando a quantidade ideal dos alimentos em cada uma delas. Os valores semanais das dietas variam entre R$ 70,19 para quem adotar a opção menos calórica e de baixo custo e chegam, no máximo, até R$ 119,37 na versão mais calórica e planted-based, valores que já incluem o custo da vitamina b12 na dieta. 

“Todas as receitas foram testadas e aprovadas por chefs. Cada refeição tem as orientações de quantidades de alimentos para cada perfil e modo de preparo para a refeição. Está tudo muito bem explicado, não há como ter dúvidas. As receitas são variadas, fáceis de fazer e ainda contamos com um vídeo, de no máximo 20 segundos, mostrando como são produzidas”, comentou Consoli. 

O cardápio oferece ainda a lista de compras para o supermercado, já dividindo os itens por sessão, para facilitar na hora da compra. Para adquirir, basta vir ao estande da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) no VegFest e comprar. Durante o evento, quem se associar à SVB durante o evento ainda receberá, gratuitamente, o cardápio. 

“Queremos mostrar para as pessoas que adotar uma alimentação sem carne é mais simples do que muitos imaginam. Sabemos que ter acesso ao nutricionista é difícil, por isso lançamos o cardápio já com todo cálculo de nutrientes”, finalizou Victoratti. 

Versátil e proteico: Chef Cá Botelho prepara bolo de banana no VegFest 

Coordenadora gastronômica da SVB – Sociedade Vegetariana Brasileira, Cá Botelho ensinou a receita de um bolinho proteico de banana nesta quinta-feira (8), na Cozinha Show, uma das atrações do VegFest. Mais do que um simples prato, a chef, durante o preparo, chamou a atenção para a importância do consumo de proteínas na dieta vegana. 

“Quero trazer o questionamento da proteína, pois ela pode ser consumida de diferentes formas. É possível agregar em tudo. Nesse bolo, utilizei a de baunilha, por exemplo. Tento agregar esse item em tudo que faço, ele é muito importante para nossa saúde, precisamos da proteína. Muitas vezes, não sabemos como distribuir o consumo ao longo das refeições.”, comentou. 

Além disso, a receita  também se destaca pela versatilidade. “Eu utilizo óleo de coco, mas você pode utilizar outro da sua preferência. Também prefiro a água, porém o leite vegetal é uma saída. Ela ainda pode ter o abacate, a maçã ou a pêra como ingrediente principal. Quero mostrar um doce barato, fácil e simples de fazer em casa, utilizando o que já está na geladeira”, concluiu. 

Veganismo e futebol, um casamento celebrado durante a Copa no VegFest 

A prática do veganismo combina – e muito – com a prática esportiva. O Laguna, primeiro clube vegano das Américas e o atual vice-campeão da Segunda Divisão do Campeonato Potiguar, veio ao VegFest para mostrar ser a prova viva de que uma dieta sem carnes não atrapalha em nada o desempenho dentro de campo. 

A nutricionista Marcela Worcemann, integrante do Green Team, iniciativa da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), montou todo o cardápio da equipe. Os jogadores, que não chegaram veganos ao clube, recebiam cinco refeições todos os dias. “Fomos nos adaptando ao que era preciso, incluindo muita proteína. Garantimos uma diversidade de alimentos aos atletas sem deixar de lado a preocupação em garantir a energia suficiente para a atividade física”, disse a especialista. 

O trabalho desenvolvido resultou em oito vitórias e dois empates em 12 jogos, com uma campanha de 26 pontos, mesma pontuação do tradicional Alecrim, que se sagrou campeão no saldo de gols. “Todos os jogadores se sentiram bem com a alimentação. Os treinos, normalmente, acontecem pela tarde e eles me relataram que a digestão estava melhor depois do almoço. Na parte física, a recuperação também foi elogiada pelos preparador e pelo auxiliar técnico”, emendou. 

O Laguna está no VegFest com um estande, além de ser uma das atrações da quadra poliesportiva, onde os jogadores do time participam de desafios. E, para celebrar a união entre o veganismo e o futebol, a feira montou um telão para acompanhar os jogos da Copa. Ou seja, quem vier ao VegFest nesta sexta (9), no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo, poderá acompanhar ao jogo do Brasil ao meio-dia. 

Feijoada, o prato preferido 

A chef Mirna Ribeiro foi responsável por ensinar as receitas para a equipe. Entre os pratos preparados por ela, a feijoada vegana foi a preferida dos atletas. Nesta quinta (8), ela instruiu e também preparou o prato no Cozinha Show, que é aberto ao público durante o VegFest. 

“É algo simples de fazer. Comigo tem que ter emoção e o segredo está no tempero. O meu inclui 1 cebola, ⅔ de um pimentão (que pode ser verde, amarelo ou vermelho), 4 dentes de alho, bastante cheiro-verde, 1 xícara de salsinha, ½ xícara de coentro e ½ xícara de cebolinha. Depois, colocar especiarias, como 2 colheres de chá de cominho, 1 colher de chá de curcuma, um pouco de pimenta preta e uma pimenta de cheiro”, declarou.  

Além, obviamente, do feijão, o prato ainda é a base de soja e proteína de ervilha. “Gosto de dourar primeiro a linguiça vegetal e o tofu defumado. Depois, no mesmo azeite, coloco o temporado, fazendo um defumado. Além disso, também ponho uma abóbora, que é doce e ajuda a ‘brincar’ com os sabores. 

Influenciadores veganos contam como ajudam a transformar pessoas 

Pessoas que estimulam o interesse de outras pessoas pelo estilo de vida vegano, por meio de seus perfis nas redes sociais, participaram de um animado debate no primeiro dia do VegFest 2022. O painel “Inspirando pessoas e salvando animais” ofereceu ótimos exemplos da comunicação vegana.  

Victor Sanches, fundador do perfil Rota Vegana (@rotaveg) e um dos pioneiros na área, contou de quando começou a divulgar a cultura vegana em blogs, antes do surgimento do Facebook e das redes sociais hoje mais conhecidas. “A repercussão foi enorme. Muita gente entrava em contato para perguntar onde encontrar comidas que eu mostrava nas minhas páginas. Isso só cresce a cada dia”, lembrou. 

Para Fred Zecchini, lutador de MMA e atleta da seleção brasileira de caiaque (@lutadorvegano), o veganismo foi uma revelação. “Eu era ovolactovegetariano e sentia que não evoluía no desempenho esportivo. Ao adotar a dieta vegana, saí do platô, melhorei muito meu nível físico e passei a falar do veganismo. Minha vida mudou”, disse.  

Como nem tudo são flores, Larissa Maluf, diretora de comunicação da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e mediadora do painel, questionou os influencers sobre como lidam com os detratores, que surgem habitualmente para confrontar manifestações pró-veganismo. “Não só tenho haters como tiro prints dos comentários e reclamo. Mensagens como ‘vou matar uma galinha hoje’ são bastante frequentes. No Tik Tok, tenho vídeos muito xingados”, relatou Marina Castello (@PorAmor.Mari). “Mas essas pessoas não têm ideia do quanto fizeram meus vídeos subirem e alcançarem pessoas que acabaram se tornando veganas. Ou seja, sou grata a elas!”.  

“Algumas pessoas acham que nós nos julgamos melhores por sermos veganos. Não é por aí, a maioria dos veganos não procura embate e nem quer ofender quem come carne. Comunicar-se de uma forma leve é extremamente importante”, afirmou a cantora Melára (@melaraoficial), produtora de conteúdo sobre a prática vegana. Ao final do encontro, Victor Sanches destacou a importância de veganos não apontarem contradições de adeptos recentes do veganismo. “Todos nós somos contraditórios. Ficar apontando defeitos dos outros pode passar a impressão de que ser vegano é impossível. Não é o que queremos”. 

Realizado pela SVB e com produção da Francal Feiras, o Vegfest 2022 começou nesta quinta (08), no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo, e segue até domingo (11). O evento reúne 119 marcas expositoras e uma grade de atrações culturais, gastronômicas e esportivas, todas gratuitas. São oferecidas, ainda, mais de 30 horas de conteúdos, comandadas por mais de 100 palestrantes entre nutricionistas, nutrólogos, ativistas, culinaristas e empreendedores durante o IX Congresso Vegetariano Brasileiro. O congresso é pago e o ingresso pode ser comprado direto no evento.  

O desafio de reduzir os testes em animais 

Quando vão acabar os testes em animais para o desenvolvimento de produtos? Pode demorar, mas já é possível reduzi-los significativamente com o desenvolvimento de técnicas alternativas para pesquisas, mudanças nos regulamentos e nas políticas públicas, pressão e articulações da sociedade civil. Foi esse o recado transmitido por uma apresentação do primeiro dia do VegFest 2022.  

Algumas ONGs já estimaram em 115 milhões o número de animais utilizados anualmente em pesquisas em todo o mundo. Mas esse número deve ser maior, acredita a bióloga e doutora em biotecnologia Bianca Marigliani. “Muitos cientistas dizem que os testes em animais são indispensáveis, que a ciência e a medicina não teriam chegado ao estágio atual em eles, mas é tudo suposição”, destacou a especialista.  

Por sua vez, Antoniana Ottoni, profissional de relações governamentais, afirmou que a indústria tem desempenhado papel fundamental no combate ao problema, exemplificando com as legislações que proibiram na Europa, a partir de 2013, vendas de cosméticos formulados a partir de testes com animais. “É preciso uma ação conjunta e coordenada de diversos elos, porque existem sofrimentos a animais que continuam apenas por praxe”, comentou Antoniana. Ela e Bianca atuam na Humane Society International, organização que defende a ética no uso de animais. 

Realizado pela SVB e com produção da Francal Feiras, o Vegfest 2022 começou nesta quinta (08), no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo, e segue até domingo (11). O evento reúne 119 marcas expositoras e uma grade de atrações culturais, gastronômicas e esportivas, todas gratuitas. São oferecidas, ainda, mais de 30 horas de conteúdos, comandadas por mais de 100 palestrantes entre nutricionistas, nutrólogos, ativistas, culinaristas e empreendedores durante o IX Congresso Vegetariano Brasileiro.O congresso é pago e o ingresso pode ser comprado direto no evento.  

Empresas destacam seus produtos e enaltecem a importância do VegFest  

Fundada em 2017 em Valinhos (SP), a Veggy Deli participa pela primeira vez do VegFest – e já como patrocinadora. “Isso dá a dimensão da nossa confiança na causa vegana e no evento, que é uma referência em sua área. A expectativa é de alavancar a visibilidade dos nossos alimentos junto a um público bastante qualificado”, afirma a diretora comercial Carla Mazza. A marca destaca no VegFest 2022 seus petiscos, filés e burgers veganos, além das mais novas linhas do seu portfólio: os cremes e pratos prontos, lançados em maio último. “Os nossos maiores sucessos são o croquete de lentilha, o mini kibe e os veggets (nuggets). Nos cremes, os carros-chefes são os de mandioca e alho poró; entre os pratos prontos, o bobó de shimeji”, detalha Carla. Segundo ela, os produtos, além de veganos, têm como premissa serem livres de conservantes, corantes e aromatizantes, além de não conterem glúten e soja. 

A primeira tônica orgânica do mundo foi apresentada no VegFest pela empresa  Wewi. Com o diferencial de não ter conservantes nem corantes artificiais, sendo usado apenas ingrediente natural, adquiridos de pequenos produtos rurais certificados. A tônica pode ser encontrada na versão rose, que usa rabanete e groselha preta, com gengibre, tangerina e a clássica. Também podem ser encontrados no estande da marca os refrigerantes como guaraná, cola, laranja, limão, além do chá mate gaseificado, todos produzidos a partir de ingredientes orgânicos.   

A Brotim tem um público cada vez maior em Minas Gerais, onde fica sua cidade natal (Barbacena). Visando expandir negócios para outros estados, a empresa participa pela primeira vez do VegFest, inclusive como patrocinadora. “O veganismo é uma causa que nós defendemos. E era um sonho poder apoiar o VegFest, do qual participei em outros eventos como visitante”, afirma a proprietária Sandra Regina de Andrade. Segundo a empresária, redes de varejo de São Paulo já se interessaram pelas linhas de produtos, que incluem, entre outros acepipes, coxinha de frango vegano e risoles de queijo de castanha. “A expectativa é de fecharmos um bom volume de negócios após o evento”. 

Lançado há mais de 10 anos pela Ajinomoto do Brasil como uma linha de azeites, o  TERRANO® expandiu seu portfólio com o lançamento do  Veggie Burger, primeiro produto à base de plantas da empresa, em agosto, reforço o foco da empresa em itens saudáveis e que são tendências de consumo. O produto é uma mistura para preparo feita de vegetais, com ótimo valor nutritivo, fonte de proteínas 100% vegetais, fibras e zero colesterol e poderá ser degustado no VegFest. A mistura já vem preparada e basta adicionar água gelada para fazer diversas opções, como almôndega, quibe, kafta, molho bolonhesa e recheio de tortas e pastéis. 

Especializada em laticínios vegetais, à base de aveia, a empresa Naveia apresenta no VegFest seus produtos como o Navelã creme de leite com avelã e chocolate, sorvete na casquinha, chantilly, além, é claro, dos leites que vão do tradicional ao achocolatado adulto, que leva cacau orgânico. Na linha infantil, tem destaque os leites com chocolate e morango.Tudo isso pode ser degustado no estande da marca, que oferece o pão na chapa com Navelã e o capuccino com produtos orgânicos e o leite vegetal.  

Líder no mercado de plant-based e laticínios veganos, a Vida Veg destaca, durante a VegFest, o seu queijo de castanha de cajú e o mousse de chocolate orgânico, sucessos em seu portfólio. Além disso, pode ser encontrado em seu estande, o leite vegetal de castanha de caju e de coco, que oferece a mesma quantidade de proteína que o leite de vaca, 70% mesmo carboidrato e garante absorção de 80% de cálcio, contra 50% do leite bovino. 

O veganismo e a prática esportiva: não vai faltar proteína   

A dieta Plant-Based é perfeita para atletas e contribui imensamente para a performance esportiva. Por isso, a SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira) montou seu Greenteam, iniciativa para ajudar, unindo atletas de alto rendimento e profissionais de saúde especializados em nutrição para divulgarem informações sobre este universo. Nesta quinta-feira (8), o IX Congresso Vegetariano Brasileiro, que acontece durante o VegFest 2022, no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo, recebeu uma palestra com seus integrantes.  

A nutricionista Alessandra Luglio foi a mediadora do painel e criticou o excesso de suplementos alimentares, algo comum em atletas amadores e profissionais. “Existem fontes vegetais seguras, somos vítimas da pirotecnia da nutrição esportiva, que cria diversos modismos. É preciso tomar muito cuidado com o uso de suplementos”, avaliou. 

Felipe Testoni, que também é nutricionista, também avaliou negativamente a busca excessiva por proteínas na dieta. “Os fisiculturistas nem contabilizavam a proteína de origem vegetal, só a animal. Isso fazia com que consumissem muito mais, chegando até 5g por quilo, quase o triplo do ideal, que varia de 1,6g a 2g. Ela é importante, mas em uma quantidade suficiente e satisfatória. Quando entendemos isso, metade dos problemas da dieta vegana acabam. A indústria vem oferecendo produtos que já têm proteínas ainda mais ricos em proteína, por conta de uma demanda”, comentou. 

Aliando o que foi dito por seus colegas, o nutricionista José Balestrin realçou a importância do treinamento. “Muita gente fala de proteína, contudo o estímulo no treinamento é muito importante para o crescimento muscular. De nada adianta comer certo, se o treinamento não for adequado. O vegetarianismo não tem segredo nenhum. Não podemos pensar no atleta como um músculo ambulante, o corpo precisa funcionar perfeitamente”, disse. 

Para a nutricionista Marcela Worcemann, a alimentação vegana é excelente para ajudar na recuperação muscular dos atletas. “É preciso de um mix. A alimentação vegana traz tudo isso, proteína para reconstruir e um ‘boom’ de antioxidantes, micronutrientes e outros substratos para que a engrenagem aconteça. Os atletas que adotam essa alimentação relatam uma recuperação muito melhor e mais rápida”, ponderou. 

Guilherme Fioravanti, ex-jogador de futebol e jogador de futmesa e futvôlei, sentiu na pele esses efeitos quando mudou sua alimentação no meio de sua carreira profissional. “Comia todo tipo de carne, depois fui para peixe e, depois, virei vegano. A primeira vez que pensei em mudar tive um medo absurdo. Sentia algumas mudanças no meu corpo, quanto tirei leite e ovos foi uma mudança muito rápida e incrível. Senti todos os efeitos positivos em duas, três semanas. Mesmo assim, sentia vergonha de falar isso e adotei a estratégia de dizer que tinha alergia a proteína animal. Após ser vegano tive melhora em todos os testes, sempre estava entre os primeiros do time. Até um treinador meu, também com vergonha, veio me contar que tinha aderido à dieta vegana e vinha sentindo os efeitos positivos”, destacou. 

A médica Gabriele Teodoro tem a explicação destes efeitos. “É importante pensar na variedade que estamos fazendo em um prato vegano. Quando a gente consegue antioxidantes, nutrientes, a célula funciona perfeitamente. A combinação de tudo que faz dar certo e o corpo funcionar bem”, finalizou. 

Variedade de produtos veganos surpreendem visitantes 

As nutricionistas Natália Lopes e Ana Carolina Vicedomini vieram ao VegFest para conhecer mais sobre as opções de produtos deste segmento. “Fiquei encantada com a quantidade de opções que podemos encontrar. Como profissionais da nutrição, precisamos incentivar mais as pessoas a adotar essa prática, que é saudável. Hoje, com certeza, nosso almoço será vegano”, contou Natália. Ambas não são veganas, mas Ana Carolina já adota em seu dia a dia uma dieta com baixo consumo de alimentos de origem animal. “As pessoas precisam perder um pouco do preconceito com os alimentos veganos. Eles trazem muitas opções e inúmeros benefícios para a saúde”, complementou. 

Fabiana Xavier é vegana há 17 anos e veio pela primeira vez ao VegFest acompanhada de seu filho. “Busco conhecer novos produtos e encontrei muita novidade por aqui. Quando comecei a adotar esta dieta, era muito difícil ter opções no mercado, contudo hoje em dia já é mais fácil”, contou. Ela já havia participado de alguns encontros veganos anteriormente, mas se surpreendeu com a presença de público na feira. “É a primeira vez que participo do VegFest e, mesmo ainda sendo o primeiro dia, me surpreendi com a grande quantidade de pessoas presentes. Não imaginava que teria tanto”, apontou. 

Cátia Maria de Souza, de 19 anos, decidiu seguir o vegetarianismo durante a pandemia e visita o VegFest pela primeira vez. “Ainda estou aprendendo sobre esse mundo. Vim para ver os produtos e saber até onde é possível chegar. Em casa somente eu sou vegetariana e as pessoas ainda olham diferente para mim. Estar aqui, no meio de outras vegetarianas e veganas é bem legal”. 

Brasil precisa voltar a produzir maior variedade de feijão 

O Brasil está deixando de produzir feijão para plantar soja que servirá de ração para animais no exterior. Isso está fazendo com que registremos queda no consumo da leguminosa nos últimos anos. Esta foi a conclusão da mesa “Brasil, país dos grãos” durante o VegFest, que acontece no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo, até o próximo domingo. 

Fundamental na dieta vegana e vegetariana, por ser fonte de proteína e fibras, o feijão enfrenta aumento de preço devido a queda na produção provocada pelo grande interesse da soja e do milho no exterior. “Vivemos um momento em que o produtor rural que planta feijão é porque gosta de adrenalina. Isso precisa mudar pois é um produto fundamental na mesa do brasileiro”, afirmou Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses – IBRAFE. 

Lüders destacou estudos apontam que o país possui hoje cerca de 30 milhões de veganos, vegetarianos e flexitarianos, com um potencial de consumo de 600 mil toneladas de feijão por ano. “Esse volume representa 20% de nossa produção. É preciso ficar atento a isso.” 

Presente no debate, Mônica Buava, fundadora do Pop Vegan Food e idealizadora do movimento Segunda Sem Carne, acredita que a saída para o país é diversificar a oferta de feijão. “Atualmente produzimos, e consumimos, basicamente o feijão carioquinha. Mas antigamente não era assim. Precisamos voltar a produzir as variedades vermelha, amarela, rajadinho, feijão branco e aumentar a produção do preto, pois são produtos que têm demanda também no exterior, enquanto o carioquinha é consumido apenas por nós.” 

Crianças veganas e vegetarianas precisam de suplementação de vitamina B12 

Os movimentos vegetariano e vegano têm crescido consideravelmente nos últimos anos. Mas ainda há dúvidas quanto à segurança da prática por gestantes e durante a infância. Especialistas que participaram do painel “Infância Vegana – da Barriga à Escola”, no Congresso VegFest, concordam que não existem problemas para a gestante nem para a criança, desde que sejam tomados cuidados nutricionais, que são comuns para as pessoas onívoras – que comem carne e vegetais. 

Participaram da mesa Laura Ohana, Fernanda de Lucca, Bruno Shoiti, Gleyce Cobra, Tatiana Consoli, Thaisa Navolar e Bianca Mello. Eles concordam que crianças veganas ou vegetarianas precisam ter suplementação de vitamina B12, embora a deficiência dela também possa surgir nas demais pessoas. “Existem sinais da deficiência de B12 como fadiga, cansaço, constipação, perda de apetite, emagrecimento, formigamento de pés e mãos, dificuldade em manter o equilíbrio ao andar, confusão mental, demência, perda de memória e glossite”, explicou Gleyce. Já Shoiti destacou que na infância, veganos e vegetarianos precisam da complementação da vitamina. 

Fernanda de Lucca destacou também a necessidade das crianças tomarem sol para a produção de vitamina D. “Não se trata de ficar toda vestida, mas sem roupa, por quinze minutos durante três dias na semana”. Para ela, esse cuidado também precisa ser tomado por adultos. “Podemos usar suplementos para evitar a deficiência da vitamina D, mas somente quando não é possível ficar ao sol”. 

Em filme e debate, o caso das búfalas de Brotas 

Há cerca de um ano, denúncias levaram a Polícia Ambiental a encontrar, numa fazenda de leite em Brotas (SP), mais de mil búfalas desnutridas, sem água, em situação de abandono. Liderados pela ONG Amor e Respeito Animal (ARA), voluntários se mobilizaram e passaram a cuidar dos animais. Também ingressaram na Justiça com um pedido pela tutela das búfalas.  

Os bastidores desse caso foram transformados no curta-metragem Órfãos do Leite – Uma História de Mães e Filhos Invisíveis, apresentado e debatido num painel do primeiro dia do IX Congresso Vegetariano Brasileiro, integrado ao VegFest 2022.  

 “O caso das búfalas de Brotas mostrou ao mundo o que muitos desconheciam, ou que preferiam não encarar. Centenas ou milhares de bezerros morrem diariamente para que humanos desfrutem, por segundos, do alimento de suas mães, do qual são privados”, comenta Larissa Maluf, diretora de comunicação da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), mediadora do debate e narradora do curta.  

Alex Parente, da ARA, conta que o proprietário foi multado em mais de R$ 4 milhões, preso por maus-tratos, liberado após pagamento de fiança, preso novamente e outra vez solto. “Houve muitos desdobramentos e a questão segue indefinida. Mas o caso teve um lado bonito: uniu pessoas que não se conheciam em prol da causa, muitas até de outros estados. Se não fosse esse engajamento, nada teria acontecido”, avaliou o ativista — que atuou também no rumoroso resgate dos cães da raça Beagle do Instituto Royal, em São Roque (SP). 

Mais informações sobre Órfãos do Leite podem ser obtidas neste link. Mais sobre o projeto da ARA com as búfalas de Brotas, inclusive acerca de meios de colaborar, neste link

Organizadores reforçam o crescente aumento de adeptos do veganismo 

“A grande importância de um evento como o VegFest é mostrar, tanto para os consumidores finais quanto para os empreendedores, que o movimento vegano está muito mais próximo das nossas vidas do que eles imaginam. O veganismo responde aos anseios por um consumo mais saudável, que ajuda a proteger o meio ambiente, mais ético e de maior respeito aos animais, e também de produtos deliciosos e eficientes. O objetivo é aproximar a sociedade desse movimento que não para de crescer”, afirma Ricardo Laurindo, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). 

“Os últimos anos foram de um embalo enorme no veganismo. Durante a pandemia, as buscas no Google por comida vegana cresceram mais de 5.000% no mundo. E os pedidos de comida vegana no Brasil foram superiores a 1 milhão em 2021. Mas também vimos, infelizmente, casos de maus tratos de animais. Precisamos seguir firmes na defesa dos animais e do planeta”, contou Larissa Maluf, diretora de comunicação da SVB. 

“Depois de quase quatro anos, o VegFest volta a São Paulo como um evento que reúne empresas e pessoas de todo o Brasil, como um ponto de encontro de uma comunidade inclusiva”. A análise da Valeska Oliveira, Head de produto da Francal Feiras, traduz o que é o evento, que prossegue até domingo no Centro de Convenções Anhembi, em São Paulo. Para Valeska, o VegFest é destinado para veganos e não veganos. “Afinal, trata-se de um conceito de vida, reunindo alimentos, cosméticos, surpreendendo pela sua diversidade”, analisa. “E o ponto alto é o Congresso com muita informação e troca de experiências, fazendo com que o evento cumpra seu papel de informar e oferecer a interação do mundo vegano com todos, inclusive que não é vegano”. 

Serviço  

VegFest 2022 

De 8 a 11 de dezembro – das 9h às 19h  

Local: Centro de Convenções do Anhembi 

Av. Olavo Fontoura, 1.209 – Santana – São Paulo/SP 

Mais informações: www.vegfest.com.br 

Sobre a SVB 

Fundada em 2003, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) é uma organização sem fins lucrativos que promove a alimentação vegetariana como uma escolha ética, saudável, sustentável e socialmente justa. Por meio de campanhas, programas, convênios, eventos, pesquisa e ativismo, a SVB realiza conscientização sobre os benefícios do vegetarianismo e trabalha para aumentar o acesso da população a produtos e serviços vegetarianos. Para mais informações, acesse www.svb.org.br ou os perfis no Instagram, Facebook e Youtube. 

Sobre a Francal Feiras 

Promotora de eventos com capital 100% nacional, a Francal Feiras é um dos principais players do mercado de feiras de negócios e contribui não só para o desenvolvimento econômico e social dos diferentes setores em que atua por meio dos 12 eventos de seu portfólio, como também movimenta efetivamente a economia dos locais onde eles são realizados. 

Movida pela mesma velocidade que afeta a sociedade de consumo e o ambiente de negócios, a Francal Feiras oferece ao mercado entregas inovadoras por meio de eventos que servem como uma importante plataforma de negócios, experiências, conexão e conhecimento para toda a cadeia produtiva. Com mais de cinco décadas de atuação, é referência no Brasil e reconhecida no exterior. 

Mais informações para a imprensa: 

Marcela Lage | Myrian Vallone | Teresa Silva 

2PRÓ Comunicação 

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(11) 3030-9463 | 9404