Os cuidados com o corpo representam os passos mais fáceis para o veganismo, mas muitas vezes eles ficam em segundo plano em relação à alimentação. Isso não quer dizer que a adoção de uma rotina de beleza vegana não seja motivo de dúvidas. E esclarecimentos deram o tom da apresentação da dermatologista Monalisa Nunes no segundo dia do IX Congresso Vegetariano Brasileiro, integrado ao VegFest 2022.
Monalisa iniciou explicando as diferenças entre atributos cada vez mais utilizados pela indústria de produtos de cuidados pessoais, como cruelty free (livres de testes em animais, mas que podem não ser veganos); orgânicos (ingredientes cultivados sem agrotóxicos); naturais (sem ingredientes sintéticos); e veganos (sem ingredientes de origem animal e sempre cruelty free).
A especialista comentou que os cosméticos veganos geralmente podem ser identificados por apresentarem, em suas embalagens, um selo de comprovação – a exemplo do selo trabalhado no Brasil pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). “Mesmo assim”, reforçou Monalisa, “o uso do selo não é obrigatório e convém o consumidor sempre verificar as listas de componentes dos produtos para comprovar se eles são efetivamente veganos”.
Uma série de exemplos foi citada pela palestrante. “O colágeno convencional é de origem animal. O carmim, utilizado em produtos labiais, nunca é vegano, pois provém de cochonilhas. A uréia, por sua vez, pode ou não ser vegana. O ácido lático tradicional deriva do leite, mas já temos uma alternativa produzida em laboratório”, repassou Monalisa.
A especialista ressaltou que é animador o aumento da oferta de artigos de beleza sem componentes de origem animal no Brasil, mas lamentou a falta de uma lei proibindo os testes em animais na indústria nacional de cosméticos – como a que vigora na Europa há alguns anos. “O uso de animais em pesquisas ainda é uma conduta comum no Brasil, infelizmente. Mas temos esperança de que isso vai acabar, fazendo prevalecer produtos legitimamente veganos no mercado”